Querida Leitora,
Bem-vinda ao Livro Aberto! É com grande empolgação (e um pouco de medo, confesso) que te apresento meu primeiro conto da série “She-Holmes”, onde o mistério toma conta e você é parte essencial da investigação.
Criei essa série por três motivos: primeiro, porque sempre fui apaixonada pelo jogo Detetive (tenho até uma versão infantil que presenteei minha filha); segundo, porque séries e filmes de espionagem, suspense e investigação são minha paixão (decifrar os casos antes do capítulo final sempre foi excitante para mim); e terceiro, porque meu sonho sempre foi publicar um livro neste estilo.
Quando eu tinha uns 18 anos, escrevi um livro sobre a história da Alice. O livro foi escrito em um caderno de 10 matérias (realidade de uma vida sem notebook ou tablet na época). Ele ainda estava sem final e, por um motivo idiota de insegurança e validação, emprestei-o a uma amiga para que ela lesse e me desse sua opinião sobre a história (WTF, por que raios eu fiz isso?). Resumo da ópera: perdi o livro.
Por muito tempo me ressenti disso. E nunca mais escrevi. Deixei pra lá e segui minha vida. Depois de anos, nem lembrava mais da história da Alice.
Quando entrei aqui, inspirada por uma amiga, essa chama reacendeu em mim. Meu avô já publicou mais de 70 livros, e eu sempre senti essa veia pulsante de querer escrever também. Infelizmente, ele faleceu quando eu estava grávida da minha primeira filha e não pôde ver esse meu sonho se realizar. Mas acredito que ele estaria orgulhoso agora, porque estou resgatando minha essência.
Quando defini meus novos caminhos para 2025, criei metas ousadas. Uma delas é publicar um livro até o fim do ano. E assim o farei.
Conversando sobre isso com meu marido, toda a história da Alice veio como um farol emergindo em meio ao nevoeiro, iluminando memórias que pareciam perdidas.
Para afiar meu machado e contar novamente a história da Alice, tive a ideia de treinar com casos investigativos através de uma série de contos. Assim nasceu She-Holmes, uma forma de lapidar meu olhar, minha atenção aos detalhes e meu gosto pelo mistério. Você será minha copilota nessa jornada e me ajudará a desvendar muitos enigmas. Topa ser minha amada Watson?
Sua missão: Ler com atenção, mente aberta e instinto investigativo. Ao final, deixe nos comentários como acredita que a história termina. Estou animada para ouvir sua resolução desse enigma!
Agora, respire fundo e mergulhe nesta história onde nem tudo é o que parece...
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O Mistério da Rua dos Jacarandás
A manhã de um domingo chuvoso parecia tranquila na Rua dos Jacarandás, até que o grito de Celina ecoou pela vizinhança. A vizinha, conhecida por sua curiosidade e rotina meticulosa, havia encontrado o corpo de Marta, a ex-esposa de Henrique, estendido no tapete da sala. A cena era digna de um pesadelo: Marta Ribeiro, 38 anos, fora encontrada sem vida em sua luxuosa casa.
Vestia um robe de seda azul, com uma expressão que misturava surpresa e pavor. Ao lado dela, um copo de vinho vazio, uma mesa posta para dois e apenas um prato sujo com cheiro de peixe. Mas não havia ninguém além de Marta… morta.
O detetive Álvaro Montenegro chegou ao local pouco depois, enfrentando uma multidão de curiosos que já se formava em frente à casa. Ele passou pelo portão de madeira pintado de verde-oliva e entrou na residência, observando tudo com atenção. A casa parecia impecável...
Logo depois, o ex-marido de Marta, Henrique, chegou visivelmente abalado, repetindo quase em transe:
— "Ela não merecia isso… eu nunca faria mal a ela!"
As pistas iniciais
As evidências, no entanto, diziam outra coisa. Havia manchas de sangue na camisa de Henrique, um histórico de brigas registradas pelos vizinhos e uma separação que, segundo relatos, havia sido tudo menos amigável.
— "No amor e na guerra, tudo é permitido… e Henrique tinha motivos de sobra para cometer o crime," murmurou o detetive Montenegro ao analisar o histórico do casal.
Henrique era conhecido pela vizinhança por seu temperamento explosivo e orgulho ferido. Após ser expulso de casa, Marta havia se reerguido rapidamente, enquanto ele parecia afundar em dívidas e ressentimentos.
A vizinha, Dona Celina, aposentada e curiosa crônica, foi a primeira a se manifestar:
— "Eu sempre ouvia eles discutindo. Ela chamava ele de egoísta e reclamava que ele não a deixava viver. E ontem à noite… eu vi quando ele entrou na casa dela às 23h. Fiquei observando da minha janela. Ele parecia... irritado."
Henrique confirmou que esteve na casa da ex-esposa. Disse que foi discutir a venda de um imóvel que ainda estava em nome dos dois e a data para oficializar o divórcio. Mas, segundo ele, saiu às 23h45.
— "Ela estava bem viva quando saí! Eu juro!"
Celina parecia ser apenas uma testemunha preocupada. Sua casa, impecavelmente organizada, era um reflexo de sua obsessão por controle e ordem. E com uma localização privilegiada de onde se via a casa de Marta.
— "Eu sabia que algo estava errado quando vi a luz da sala dela acesa a noite toda. Marta era descuidada, mas nunca deixava a luz acesa assim," comentou Celina.
O detetive, no entanto, percebeu algo curioso: Celina era extremamente meticulosa em suas respostas. Quando questionada sobre algo mais, parecia ensaiada, como se já soubesse quais perguntas seriam feitas.
O homem misterioso
Henrique era o principal suspeito, mas o cenário tinha inconsistências. A casa de Marta mostrava sinais de algo mais sofisticado do que uma briga comum. Havia duas taças na mesa, e o perfume masculino no ar não combinava com Henrique.
— "Ele nunca usou perfume, achava frescura," comentou a irmã de Marta, chorando compulsivamente.
Dona Celina fez então uma revelação interessante:
— "Eu já vi Marta na companhia de um homem misterioso. Ele vinha às segundas e quartas à noite. Sempre no mesmo horário, sempre saindo às pressas quando alguém chegava na rua. Era discreto, mas… ele tinha algo estranho."
Celina descreveu o homem como alto, magro, com um terno bem cortado e um relógio dourado que brilhava à luz do poste. Disse que nunca conseguiu ver o rosto dele.
O relógio no lixo
No mesmo dia, ao vasculhar as imediações da casa, o detetive Montenegro encontrou algo curioso: um relógio dourado jogado no lixo da vizinha. Um relógio caro, com manchas que pareciam… sangue seco. Ele olhou para Celina, que o encarava da janela com um leve sorriso.
Montenegro começou a questionar se esse tal homem realmente existia. Ninguém mais na vizinhança havia visto ou ouvido falar dele. Ele pediu um mandado para revistar a casa de Celina.
Na casa, a polícia encontrou um caderno onde Celina anotava horários e rotinas de Marta, com detalhes perturbadoramente precisos. Além disso, parecia ter mais alguém morando ali, já que havia dois pratos e copos sujos na pia.
Marina, a misteriosa “M”
Com a investigação cheia de inconsistências, descobriu-se quem era “M” nas mensagens de Marta. Marina era uma nova amiga que dividia o mesmo gosto por ginástica, restaurantes e lojas. Em pouco tempo, tornou-se íntima de Marta. No entanto, Marina havia desaparecido misteriosamente.
No diário de Marta, encontrado na penteadeira, havia muitas páginas sobre a amizade com Marina. Mas, entre elogios, havia desconfianças:
— "Marina tem ciúmes de tudo que conquisto. Ela se diz minha amiga, mas não confio nela completamente. Tenho medo de suas intenções. Tem algo estranho, e eu vou descobrir."
A polícia tentou rastrear Marina, mas o celular dela estava fora de área. Entretanto, imagens de segurança mostraram que ela passou pela rua de Marta na noite do crime, por volta das 23h.
As pistas e o enigma
O detetive Montenegro sabia que estava lidando com uma teia de mentiras. Cada suspeito parecia incriminado por alguma peça:
Henrique, o ex-marido cheio de dívidas e ressentimentos.
Celina, a vizinha que via e sabia mais do que deveria.
Marina, a amiga misteriosa que desapareceu.
O suposto homem fantasma que ninguém, exceto Celina, parecia ter visto.
As análises confirmaram que o sangue na camisa de Henrique e no relógio encontrado no lixo eram de Marta. Mas ainda havia algo fora de lugar: o batom vermelho quebrado na cena do crime. Marta usava um batom nude no momento do ataque. E os espinhos de peixe encontrados no lixo de Celina... ela jantou o mesmo prato que Marta naquela noite?
Montenegro sabia que a resposta estava escondida entre os detalhes. Ele só precisava montar o quebra-cabeças e prender o verdadeiro culpado. Mas essa tarefa exigiria mais do que lógica: ele precisaria de um especialista comportamental para entender os mistérios desse caso.
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Agora, Leitora, é sua vez:
Quem é o(a) culpado(a) ? O marido possivelmente traído e endividado? A misteriosa amiga Marina”? Ou a vizinha que vê e sabe mais do que deveria? Existe mesmo um amante?
Deixe nos comentários quem você acredita ser o(a) culpado(a) da morte da Marta e qual seria sua possível motivação.
Sua imaginação poderá criar um fim para esta história e trazer paz à alma da Marta.
Vamos discutir as possibilidades nos comentários? Te desafio.
Três beijinhos,
Chy Ramirez
São muitas opções kkkkk por enquanto vou ficar com a vizinha, mas ela não agiu sozinha. Estou curiosa pela continuação.
Meu Deus! Cadê a continuação? 😂 Olhaaa essa vizinha tá muito suspeita…